segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

>> você escolheu: NEUTRO PORÉM MILITANTE

Data: 04/2013

Esse post contém: 
- Contra-argumentação ao discurso anti-liberdade de expressão.
- Comprovação de patrulhamento ideológico de jornalista profissional.

Idiota acusador: Toni Goes do F5

Caso: Toni Goes, jornalista "neutro" e com postura altamente "profissional" condena comediante por ter conduzido uma entrevista justa ao invés de ter linchado covardamente seu convidado, um opositor ideológico a causa do jornalista. Entre as acusações se encontra "ter deixado o entrevistado responder as perguntas que fiz". Chamei esse caso de:


O PECADO DE TENTAR FAZER O SEU TRABALHO DIREITO AO INVÉS DE MILITAR PARA A CAUSA PARTICULAR DO JORNALISTA E SATISFAZER SEU EGO


Espera-se de um crítico o mínimo: que tenha conhecimento do que crítica. Só assim ele pode analisar padrões, curvas, fluência, ritmo, técnicas e expor de forma clara se o resultado final do produto criticado funcionou dentro do contexto para alcançar ou não o objetivo proposto. Diferente disso faz um espectador comum que comenta as coisas apenas de acordo com a expectativa do seu gosto puramente pessoal.
Me lembro de uma crítica recente em que um jornalista elogiou muito o filme Juiz Dredd por sua realização técnica, ritmo, cadência e emoção da narrativa. Ele disse que o filme realmente fora bem realizado e deveria agradar quem é fã da versão em quadrinho ou quem quisesse simplesmente ir pro cinema buscando entretenimento e diversão de qualidade. Mas o jornalista concluiu que jamais poderia classificar aquilo como um filme bom e que não recomendava que assistissem ao filme porque o protagonista era “fascista” (!) É esse o tipo de amadorismo que se vê por aqui. Crítica profissional baseada em "achismos" e gostos pessoais. Não me espanta se já já disserem que Psicose é péssimo porque o protagonista é um assassino e matar pessoas que tomam banho é feio. Ou quem sabe até já saiu alguma crítica dizendo que Meryl Streep está perfeita, que a direção é impecável, mas que não devemos assistir ao filme Dama de Ferro, pois o crítico não aprova que Margareth Tatcher tenha sido liberal-conservadora. 

Que por toda eternidade cada um tenha suas opiniões pessoais e egocêntricas! E compartilhe com seus amigos em mesas de bar e rodas de conversas. Raros momentos são tão divertidos como esses. Mas poucas coisas são tão patéticas quanto um crítico profissional tentar vender como verdade absoluta, resultante de uma ponderação “profissional” e “imparcial” sua simples e média opinião pessoal de espectador comum.

Eu geralmente nunca respondo a uma crítica, seja negativa ou positiva. E já recebi muitas (arrisco dizer que negativa na maioria das vezes). Aqui, portanto, não se trata de responder a alguém por ter me desagradado ou “magoado”. Se costumasse agir assim, faria isso sempre que saísse algo ruim a respeito do meu trabalho (ou seja, quase toda semana). A questão aqui é outra. E quando a crítica é tão amadora que mais parece a opinião de um espectador médio em vez da opinião de um profissional? Quando nitidamente o problema não é o trabalho feito e sim o ego do crítico que não foi satisfeito? E quando o problema não é que você fez errado o seu trabalho e sim que não militou pela causa pessoal do jornalista? Quem critica o crítico? Quem vigia o vigilante? No caso abaixo, se você entrar no link do Toni Goes do F5, verá nos comentários que os próprios leitores perceberam a mesma coisa que aponto abaixo. Mas você não precisa procurar o link.  Prefiro capitalizar os mais de 8 milhões de acessos que virtualmente terei em meu facebook e twitter para mim, só para mim - não para ele - Huáááá! Por isso repliquei abaixo, na íntegra, a “crítica”, respondendo ponto a ponto, já que ele foi completamente parcial e equivocado em cada observação que fez.

A crítica dele (na íntegra) segue em negrito. Minha resposta segue abaixo de cada parágrafo.


DANILO GENTILI PEGA LEVE COM MARCO FELICIANO
TONY GÓES - F5


"O senhor sabe que, se ao invés de entrevistá-lo, eu ficar apenas cagando na sua cabeça, amanhã eu vou ser o cara mais popular do Brasil".
Foi com essas palavras doces que Danilo Gentili recebeu o deputado e pastor Marco Feliciano em seu programa "Agora É Tarde", exibido pela Band nesta quinta-feira (28).
Embora eu tenha deixado claro que abri mão do fácil - descarregar uma montanha de clichês na cabeça do judas do momento para receber elogios de pessoas como o próprio Toni do F5 - o crítico pareceu não compreender que se tratava de uma entrevista, um exercício de diálogo e, mais que isso, um exercício de diálogo dentro do contexto do que significa um talk-show humorístico. Talvez seja necessário eu ser um pouco mais claro da próxima vez e esclarecer os espectadores verbalmente todos os dias do que se trata um programa de humor, que eu não sou militante gay nem evangélico, que faço piadas, que em uma entrevista a pessoa pergunta e o entrevistado responde o que ele quiser, enfim, que mudem de canal se esperam qualquer coisa diferente da proposta do programa.


Foi também a senha para o que viria a seguir: uma conversa em fogo baixo, onde o apresentador deu amplo espaço para seu convidado falar barbaridades. 

Todas as perguntas relevantes, confrontativas, bem como os prints e os vídeos das polêmicas foram apresentados ao convidado no decorrer da entrevista. Mas, como o próprio crítico afirma, eu fui um completo incompetente porque, vejam só vocês,  permiti que o convidado, quando questionado, FALASSE. Pelo jeito eu deveria ter feito algo semelhante ao que ele está acostumado a fazer todos os dias: falar o que quer em sua coluna sem a chance do criticado responder. Claramente o crítico também me critica por cometer outro erro terrível: não controlei o que saía da boca do entrevistado e ele acabou falando “barbaridades”. Barbaridade, aqui, é o nome dado a qualquer coisa que outro diga e o crítico discorde. Por permitir que ele respondesse os questionamentos e acusações, e por não controlar o que saía da boca do entrevistado, fui um péssimo entrevistador. Fica claro que, na visão do crítico, para melhorar em meu ofício preciso aprender a prática da liberdade de expressão tão disseminada hoje em dia entre os patrulhadores: você é livre para falar o que quiser, desde que eu concorde com o que vai sair da sua boca. Essa prática é tão enraizada em algumas vertentes jornalísticas que o crítico estranha que eu não tenha agido assim. Por sorte temos críticos e jornalistas que compreendem que não é assim que todos devem agir e inclusive elogiam e destacam essa mesma entrevista pelo motivo que o próprio Toni repudia: eu deixei o entrevistado responder.


O MELHOR DA SEMANA - YAHOO 
"As piadas um tanto picantes que Danilo Gentili fez com o deputado-pastor Marco Feliciano. Aliás, a entrevista em si foi bem conduzida. Gentili deu espaço para o parlamentar falar, mas não deixou de constestar suas afirmações. Feliciano, entre outras coisas, disse considerar constrangedor o beijo gay". 




CAETANO VELOSO - O GLOBO 

Vi Feliciano no programa “Agora é tarde”, de Danilo Gentili. Achei boa a entrevista. Tanto o apresentador quanto o entrevistado se saíram bem. Gentili foi irreverente e um tanto obsceno (parece que é esse o tom do programa), e Feliciano foi firme (sem deixar de ser levado pela ousadia de Gentili, tendo chegado, na ânsia de mostrar que não se assombrava com coisa nenhuma, a soar um tanto obsceno ele próprio). Gentili conseguiu dizer diretamente a ele coisas que a maioria das pessoas que veem seu programa (e muitas que não veem) gostariam de poder dizer. Numa determinada altura, por causa da história de não admitir que suas filhas se expusessem a ver “dois homens barbados e com as pernas raspadas se beijando”, Feliciano disse que a sociedade brasileira não está preparada para isso. Bom, o passo seguinte seria: então preparemo-la. De fato, a frase do pastor esconde um “ainda”. O diálogo aberto entre Gentili e ele, na TV, pareceu contribuir consideravelmente para essa preparação. O melhor momento do pastor foi quando ele disse que é um deputado eleito com muitos votos e, portanto, representa um aspecto da mentalidade do povo. O pior foi quando, tendo de responder sobre sexo anal heterossexual (que Gentili chamou de “transar pela bunda”, expressão que foi, pelo menos em parte, repetida por Feliciano), ele se saiu com uma restrição higiênica, chamando o ânus de “um esgoto”. Agostinho já notara, com muito maior elegância, que nascemos “entre fezes e urina”.  



Rebateu com pouca contestação e perguntas supostamente engraçadinhas, como "o que o senhor acha da calça saruel?"
Apesar de entender - e olha que nem sou crítico de jornal - que o papel do entrevistador é entrevistar e do comediante é fazer piada e deboche (e não contestar, massacrar ou militar pela causa particular de ninguém), confio no bom senso do leitor. Aqui está o link da entrevista. 





Assista e veja se minha contestação nos pontos relevantes foram brandas, como ele disse ter sido, e se esse momento pontual de alívio cômico da “calça saruel” (colocado propositalmente em um ponto estratégico da entrevista para aliviar a tensão logo antes da retomada do assunto sério) foi o que realmente mereceu ser lembrado como o tom que permeou a entrevista. 

Realmente não compreendo qual o demérito de um comediante, em um programa de humor, aliviar a tensão e causar o riso. Ao contrário, em qualquer lugar do mundo todos compreendem que esse é o papel do comediante. A não ser que o seu ego seja grande o suficiente para achar que toda equipe e conceito de um programa devam ser deixados de lado para servir à sua sede de sangue e vingança pessoal. O jornalista profissional Toni do F5, diferente de todas as outras pessoas do mundo, é incapaz de compreender que, de antemão, o que o que se espera de um programa de humor são... bobagens!


Feliciano provavelmente esperava que fosse assim, caso contrário não teria aceito o convite. Foi sua segunda entrevista exclusiva para a Band em menos de uma semana: no domingo (24), falou com Sabrina Sato, do "Pânico".
Realmente acredito que Feliciano esperava que fosse assim, exatamente como foi: ser contestado, ouvir deboches, discordâncias e chacotas - e também ser ouvido na hora em que abrisse a boca para responder o que lhe foi perguntado. Mais uma vez o crítico aponta meu “erro” como entrevistador: não tirar um bastão de debaixo da mesa e enfiá-lo nos dentes de Feliciano, enquanto ele se achava no direito de responder às perguntas ou os deboches feitos por mim. 


Gostou tanto de sua performance que, terminado o "Agora É Tarde", correu às redes sociais para se gabar. O fato é que saiu do mesmo tamanho com que entrou: apesar do tom falsamente conciliador, não deve ter conseguido um único novo adepto.
Percebe-se aqui a preocupação pessoal do crítico. Em momento algum ele estava analisando como profissional a entrevista, como todos os outros jornalistas fizeram. Ele está preocupado é se o seu particular inimigo venceu ou não algo que somente em sua cabeça era uma competição e não uma entrevista. Ele não analisa a entrevista como crítico de TV mas a partir de um ponto de vista, vamos dizer assim, bélico: quer apenas saber se o “inimigo” teve espaço para conseguir novos adeptos e se eu não o teria ajudado, uma vez que cometi o terrível pecado de tê-lo deixado responder o que lhe era perguntado.


O mesmo aconteceu com Gentili. O cara não é jornalista, é humorista - assim como o são quase todos os anfitriões de "talk shows" pelo mundo afora, com honrosas exceções. 
Mais uma vez - mesmo reconhecendo que não sou jornalista e, sim, humorista - Toni lamenta eu ter feito piadas durante um programa essencialmente de humor. De qualquer forma, já que se disse entendido no assunto, desafio o crítico a citar os nomes das tais “honrosas exceções” que não são comediantes, são jornalistas, e apresentam “late-night talk shows”, o gênero específico a que pertence o Agora é Tarde (que segue a linha inaugurada por Johnny Carson). Por favor, antes de citar jornalistas que apresentam programas de entrevistas, faça o dever de casa e pesquise o que é um “late-night talk show”, claramente o formato do Agora é Tarde, e não o confunda com o gênero mais amplo “talk show”, em que pode entrar quase qualquer programa de bate-papo, como Roda Viva, Canal Livre, Manhattan Connection, De Frente com Gabi. Uma vez que o crítico compreenda a qual formato específico pertence meu programa, mantenho o desafio de citar as “honrosas exceções” de jornalistas que apresentam o formato.



Na mais rasa pesquisa que fizer sobre o gênero vai se deparar com coisas assim: http://en.wikipedia.org/wiki/Late-night_talk_show e perceber que o crítico realmente não entende nada sobre esse assunto, senão jamais falaria tamanho absurdo. Continua em pé meu desafio: ache a tal "honrosa" exceção de um não comediante que apresenta o sub-gênero ao qual pertence meu programa e eu calo minha boca. 


Mas, descontada a façanha de ter agendado o político brasileiro mais disputado dos últimos tempos, ele perdeu a oportunidade de fazer uma entrevista histórica.
Histórica? Era o Papa? O Dalai Lama? O presidente? Era apenas um deputado de partido nanico que, como eu mesmo disse no início da entrevista (e o Feliciano reconheceu), pegou uma comissão de importância menor (“a que sobrou”) e que o próprio governo deixou de lado por causa da importância política secundária. Feliciano é alguém que sequer seria notado se a militância do mesmo governo que o colocou lá não tivesse feito o escarcéu que fez. Como eu poderia fazer uma entrevista histórica com alguém que até um mês atrás era um completo desconhecido? O homem não é nenhum Pedro Collor, um até então desconhecido que entrou para a História pelas denúncias que fez em entrevista (porque tinha revelações importantes a fazer que envolviam o centro do poder). O que de “histórico” eu poderia tirar do Feliciano? Uma revelação bombástica de que o homem é ateu enrustido? O que me parece, mais uma vez, é que o crítico esperava de mim um massacre militante, e a isso ele chamaria “histórico”.  Chega a ser sintomático que o crítico confunda seus anseios pessoais com a própria História. É dar à realização do próprio desejo mixuruca a dimensão de um grande acontecimento. O crítico queria, pela minha boca, espezinhar o convidado e os 200 mil que votaram nele e se dizem representados por ele. Ou, de novo: se em vez de conduzir uma entrevista, eu tivesse acuado o deputado num canto e o massacrado covardemente quando tudo era a meu favor: edição, elenco, produção, platéia e espectadores, isso seria a tal “entrevista histórica” para o "neutro" jornalista.  Assim como não compreendo a definição de História do crítico, não entendo o que segue.


Talvez Gentili tenha mesmo se acostumado a pegar leve com seus convivas. Seu programa estreou sem patrocinadores, em julho de 2011. Grandes anunciantes simplesmente queriam distância do rapaz: estavam com medo do veneno que ele tanto esbanjou em seus anos no "CQC".
Levando em conta que eu nunca fiz tanta propaganda como na época do CQC, que o próprio CQC é um dos principais produtos e de maior sucesso comercial da emissora, com filas de anunciantes, e que também foi esse mesmo CQC que me abriu as portas para que eu tivesse meu próprio produto na TV, não sei mesmo de onde vem a acusação de que os patrocinadores têm medo do tom ácido do CQC e do meu tom. Se o CQC e eu ganhamos espaço e nos estabelecemos sendo “venenosos”, por que eu me afastaria do modelo? Isso só pode ser má-fé por parte do crítico ou dedução leviana baseada em fofoca (que “grande anunciante” quis “distância” de mim ou do meu programa?). 



Aliás, lembro que esse mesmo crítico já me condenou por pegar pesado demais na Mesa Vermelha, quadro do meu programa (esse mesmo programa que ele diz agora pegar leve demais). Fica claro portanto que o problema não é eu pegar leve ou pesado e, sim, eu pegar leve quando ele deseja que eu pegue leve e pegar pesado com quem e da forma que ele deseje que eu pegue pesado. Meio egocêntrico, não? Para o crítico, meu defeito como apresentador e comediante não seria, por exemplo, conduzir uma entrevista pavorosa em que só eu falo (ou que não tenha graça). Meu defeito é que não satisfaço seus anseios particulares ou seus desejos políticos, que não desço o porrete em quem ele acha que merece e não afago quem ele acha que eu deveria. Acho que, na verdade, meu defeito vai além disso: não sou adivinho. Como jamais recebi do Toni do F5 uma lista de quem eu devo ou não descer o sarrafo, fico perdido. Caberia, então, a mim adivinhar o que o crítico aprova ou desaprova para me enquadrar na sua regra e não ser execrado por sua "neutra" e "profissional" análise. 


Mas Gentili maneirou o tom, encontrou um estilo próprio e logo firmou o "Agora É Tarde" como uma boa opção para o fim de noite. Conseguiu patrocínio, audiência e até prêmios da crítica. Tornou-se uma espécie de Jô Soares mais jovem e antenado. Ainda assim, inconsequente e descartável.
Claro que, diferente da coluna do Toni, eu sou completamente descartável (e não questiono isso!). Eu conheço o jogo do show business. Sei que realmente em pouco tempo posso não ser mais interessante em lugar nenhum. Mas inconsequente?  Não saquei.
Significado de Inconsequência:

s.f. Falta de nexo, de seguimento nas idéias ou nos atos: agir por inconsequência.Coisa dita ou feita sem reflexão que leva a resultados desastrosos. Falta de planejamento. Algo conduzido de uma forma que leva a resultados desastrosos.
Taí um adjetivo a mim atribuído que o próprio Toni contradiz no mesmo parágrafo. Ele começa dizendo que tenho conduzido o trabalho de uma forma que conquistou audiência , sucesso comercial, boas críticas e até mesmo prêmios. E, para ele, esses resultados só podem ser mesmo fruto do quê? Da inconsequência!
Realmente para quem a moral é relativa, pode ser irresponsável e inconsequente deixar alguém que você não gosta ou discorda responder perguntas e acusações. Mas no universo onde isso ainda é normal, fica a curiosidade: qual é minha inconsequência? 


Gentili deixou que o pastor atribuísse a Arnaldo Jabor uma piada que rola por aí desde os anos 60 (talvez há até mais tempo): aquela do "antigamente a homossexualidade era proibida, hoje é permitida, daqui a pouco será obrigatória". Jabor sequer repetiu essa bobagem, em momento algum.
Mais uma vez: foi um erro terrível meu não controlar o que sai da boca do entrevistado. Não foi o entrevistado que foi burro. Eu que fui um péssimo entrevistador por, em vez de deixar esse julgamento para quem estivesse em casa, não esfregar na cara dele a bobagem que é atribuir erradamente a citação batida ao Arnaldo Jabor. Aliás, eu sabia que a atribuição era errada, só não achei que convinha quebrar o ritmo da entrevista com uma contestação completamente boboca, que certamente diminuiria a temperatura da entrevista, medida num termômetro e curvatura que o crítico mais uma vez demonstra não saber ler.


É verdade que, em outros momentos, o apresentador deixou claro sua discordância das ideias medievais do presidente da CDH, e até deixou Feliciano constrangido ao perguntar o que ele acha de "transar na bunda".
Fiz as perguntas relevantes, de forma contundente (penso). Discordei, confrontei, afrontei e debochei. E, no entanto, como o próprio crítico diz: “peguei leve”. Acho que fica claro aqui que ele não queria uma entrevista, queria um massacre. Não queria uma conversa, queria que eu o empalasse o pastor em praça pública. O que Toni queria era o sangue do desafeto de sua causa pessoal, e não o exercício do diálogo. E mais: queria que eu fosse seu agente particular do tal massacre. Postura essa totalmente aceitável do público médio, mas nunca de um crítico. Tem evangélico na rede me odiando porque discordei e debochei do pastor com a mesma intensidade que tem gay e socialista me odiando porque não o massacrei. Só não esperava ser condenado dessa forma tão parcial por um profissional.


Por outro lado, não exibiu o famoso vídeo em que o pastor pede a senha do cartão de um fiel (talvez porque Sabrina Sato já o tivesse feito?). 
É importante que todos façam seu dever de casa. Eu fiz o meu.

1- Do dia em que saiu na imprensa até se esgotar o assunto, o vídeo do cartão de crédito foi explorado e completamente dissecado em meu programa, nas minhas piadas de mesa, monólogo e outros quadros. Todas as piadas e comentários foram feitos sobre o tal vídeo exatamente do jeitinho que o crítico aponta ser o ideal para ele ficar satisfeito: sem o direito de resposta. Essa foi apenas uma das vezes que citamos o assunto antes dele se esgotar. 




2- Alguém mesmo acha que eu surpreenderia o convidado mostrando esse vídeo? Alguém acha mesmo que eu já não conhecia a resposta previamente pronta dele para tal vídeo? (ele diz que o vídeo não mostra o contexto e que ele estava fazendo uma piada na ocasião. Vou fazer o quê? Ficar insistindo que “não, não era uma piada”?) Em vez, então, de mostrar o vídeo batido, preferi usar meu testemunho pessoal de ex-evangélico.  Para isso, sim, o convidadpe não tinha resposta pronta. Mas, como veremos mais pra frente, isso também não satisfez o crítico. Realmente ele queria que eu puxasse um 38 e apertasse o gatilho.


Preferiu mostrar clipes antigos de religiosos em transe, ridículos porém inofensivos.
Os vídeos em si são memes de popularidade gigantesca na internet e que todo meu público conhecia. Porém o que eles não sabiam era que o Pr. Feliciano os “estrelava”. Isso nenhum veículo deu ou notou. Fomos nós. E parecia uma boa coisa durante a entrevista. Primeiro, para revelar uma curiosidade ao meu público e, segundo, para causar um momento de alívio cômico numa entrevista que tinha tudo para ser tensa (dessa forma mantendo o tom humorístico do programa). Assim foi planejado e... funcionou. Mas o crítico parece não ter notado uma curva tão óbvia no desenvolvimento da entrevista como um todo. Registrou apenas o momento que o desagradou por ter sido “inofensivo”. Mais uma vez: ele queria ofensa pessoal e sangue. Algo “inofensivo” pra ele não serve.
Aliás, discordo completamente de que os vídeos sejam inofensivos. Com conhecimento de causa (sou ex-crente), posso afirmar que debochar em rede nacional dessas “manifestações do Espírito Santo” para um líder de comunidade evangélica virtualmente deveria trazer o mesmo estrago que debochar de um Exu e de um ritual de Candomblé para um Pai-de-Santo, ou da própria essência política e social da Parada Gay para um militante. É tão sagrado pros envolvidos quanto. Claro que o crítico jamais deixaria passar por “pegar leve” se o deboche fosse feito com um dos outros dois exemplos citados.


Lá pelo final, Danilo Gentili disse que frequentou uma igreja evangélica e que chegou a pensar em ser pastor, mas se afastou por causa da voracidade com que várias destas denominações avançam sobre o dinheiro de seus rebanhos. Podia ter explorado mais este raciocínio, mas não havia mais tempo.
Pelo jeito, meu testemunho pessoal não bastou. Mesmo eu tendo dito com todas as letras que no meio evangélico rola chantagem espiritual. Mais uma vez não foi o suficiente. Ele queria que eu explorasse mais o raciocínio. Na verdade, eu acho é que ele queria me pautar, não assistir a uma entrevista. O que o crítico lamenta não é um eventual problema da entrevista, mas que ele não seja o entrevistador. Aí complica.


A entrevista terminou no 0 x 0 - ou, vá lá, no 1 x 1. Feliciano não foi aplaudido pela plateia, mas certamente que agradou a seus fãs.
Eu poderia dizer que foi 1000 x 0 contra mim, pois em momento algum eu me preparei para ganhar. Eu me preparei para uma entrevista e não para uma competição. Agir como se eu estivesse entrevistando um convidado ao vez de competir com ele numa arena foi, no parecer do crítico, meu erro. 


E Gentili poderia ter sido um pouco menos gentil. 
Olha lá que espirituoso, hein? Apesar do Toni divertir a todos e mostrar toda essa sagacidade e espiritualidade que vêm conquistando os leitores ao lançar mão do inédito e difícil trocadilho de Gentili com gentil, preciso chamar atenção para um detalhe: eu debochei, confrontei, discordei e fiz chacota com um cara que foi recebido no meu programa, na minha casa. E acho inclusive que ao fazer isso cruzei uma linha que quase ninguém cruza por aqui, e confesso que estou indo nisso além da educação que recebi em casa. Não é assim que se recebe em sua casa quem quer que seja o convidado. Teria como ser menos gentil que isso? Me acho imbecil o suficiente pelas brincadeiras que faço, mas acho que preciso de pós-graduação em falta de educação com Toni do F5.


O humor colegial da conversa e as muitas bolas perdidas mostraram que ele ainda não está pronto para se sentar à mesa dos adultos.
Embora eu jamais tenha prometido outra coisa que não fosse humor colegial, embora nitidamente e assumidamente desde o início eu tenha deixado claro através de declarações públicas e confirmado através das muitas brincadeiras diárias em meu próprio programa que o que eu busco é apenas divertir e entreter (como um  aluno da quinta série), embora seja claro até para o mais leigo dos espectadores que a entrevista é construída para ser um bate-papo informal, ainda assim, na entrevista em questão, consegui declarações e depoimentos exclusivos do entrevistado que os jornalistas mais atentos e esclarecidos pinçaram e jogaram em suas matérias sobre a grande conversação política atual. Uma dessas declarações foi ele admitir ser espantalho do PT e a outra foi a ameaça que fez de retirar o apoio dos evangélicos a Dilma. Um jornalista que verdadeiramente se senta à mesa com adultos captou isso:




Porém, se mesmo assim, tudo que o Toni do F5 conseguiu abstrair da entrevista foi a falta de sangue, um “transar na bunda” aqui e uma “calça saruel” ali, demonstra que ele realmente deve continuar escrevendo apenas críticas sobre a novelinha das 9 ou BBB. Quem sabe até mesmo sobre meu programa quando eu convidaro Kleber Bam-Bam pra voltar lá. Está comprovado que se o assunto for um pouquinho diferente disso Toni Goes fica patinando. Fica claro portanto que ele também não está apto pra entrar nas conversações de adultos.
A Fazenda está aí e aguardamos a importante crítica do Toni do F5 de quem deve vencer a atração.